PROGRAMA

Aula 1 – 22.09 – O estrangeiro e um livro estrangeiro: primeira pergunta sobre a tristeza.

Tristes trópicos: um livro roteiro. Breve panorama das leituras e recepção de Tristes Trópicos no Brasil e algumas leituras brasileiras de Tristes Trópicos. Conexões teóricas entre estética da recepção, estruturalismo e das teorias da linguagem (linguística, literatura) a partir da segunda metade do século XX. Apresentação do programa e da dinâmica de trabalho

Leitura
Lévi-Strauss, Claude. “Partida”. Tristes Trópicos. Tradução Rosa Freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, pp. 15-45.

Leitura de apoio
Clifford, Geertz. “Parte IV, do cap 1”. A interpretação de culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2008 [1973], pp. 10-12.


Aula 2 – 29.09 – Tristeza Tropical: uma hipótese

Tristes trópicos: um livro roteiro, um título polêmico e um marco para a interpretação cultural.
Tristes Trópicos e Retrato do Brasil: histórias tropicais da tristeza entre Paulo Prado e Claude Lévi-Strauss.

Leituras

  • Lévi-Strauss, Claude. “Anotações de viagens”. Tristes Trópicos. Tradução Rosa Freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2020, pp. 49-73.
  • Prado, Paulo. Retrato do Brasil. Ensaio sobre a tristeza brasileira, 2012 [1928]

Aula 3 – 06.10 – História de um telefonema: Lévi-Strauss, leitor de gestos: uma interpretação literária.

Excurso I: Viagem e acaso. A presença do acaso na obra de Lévi-Strauss. Discussão do capítulo 6: “Como se faz um etnógrafo” e proposta de uma variante: “Como se faz um escritor”.

Leitura específica do capítulo 6 de Tristes Trópicos, pp. 54-64.


Aula 4 – 13.10 – Novo mundo, novos mundos. “Tupi: estou aqui”

Tópicos de discussão: O mar da história é agitado. 2. Atenas-Tupi. 3. Despedida dos deuses, a metáfora do perfume e da embriaguez olfativa. 4. A atenção aos sentidos. 5. A boca banguela (p. 85), a passagem do tropico, São Paulo e a voz anônima dos espíritos maliciosos. Apresentação de um texto de Lévi-Strauss publicado em português: “O cubismo e a vida cotidiana” (São Paulo, 1935).

Leitura da Parte III de Tristes Trópicos: “O novo mundo”. pp. 77-112

Leitura de apoio
Santiago, Silviano. A viagem de Lévi-Strauss aos Trópicos. Brasília: Instituto Rio Branco, Fundação Alexandre de Gusmão, 2005.

14 e 15 de outubro: Jornadas Tristes Trópicos – Leituras de Lévi-Strauss. ENCONTRO INTERNACIONAL.


Aula 5 – 20.10 – A terra e os homens

A questão da literatura e da terra. Aspectos do povoamento e da violência, numa leitura entre Os Sertões, de Euclides da Cunha, de 1905, e de Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, de 1956. Essas duas obras em contato geram aproximações com outros textos e atmosferas ligadas à questão da terra (Quarup, de Antonio Calado; Nove Noites, de Bernardo Carvalho; Rio Acima, de Pedro Cesarino; Opisanie Swiata, de Veronica Stigger).

Leitura da Parte IV de Tristes Trópicos: A terra e os homens, pp. 115-132 e de fragmentos escolhidos de Euclides da Cunha e Guimarães Rosa.


Aula 6 – 27.10 – O tapete voador, o travelling mental e a lição de escrita – Técnicas textuais entre o travelling e o tapete voador

Movimentar-se pela paisagem americana a partir de uma técnica cinematográfica de um plano contínuo como um travelling ou ir do Brasil à Índia, ou mais especificamente de Goiânia a Karachi, transportado por um tapete voador são duas dinâmicas em Tristes Trópicos que serão lidas em detalhe.

Leitura de Tristes Trópicos, capítulo 14, “O tapete voador”, pp. 133-159 e capítulo 28 “Lição de escrita”, pp. 313-324.

Leitura de apoio, sobre o bricoleur
O pensamento selvagem: “A ciência do concreto”, pp. 15-49.


Aula 7 – 03.11 – Pausa I: De perto e de longe [sobre o método]

Ensaio de vocabulário: Organização e sistematização do vocabulário de Tristes trópicos, suas relações com textos literários brasileiros do século XX.

Leitura de trechos do livro de entrevista com Didier Eribon: De perto e de longe.


Aula 8 – 10.11 – Roteiros, roteiros, roteiros, roteiros, roteiros, roteiros, roteiros: Caduveo, Bororo, Bons selvagens, Mundo Perdido, Nambiquara.

Narração e organização do material de viagem de campo: a construção de uma voz para além da biografia e da autobiografia. Comentários sobre as enunciações do “eu” na obra de Lévi-Strauss. Tristes Trópicos: uma experiência quixotesca?

Leitura
De Tristes Trópicos: páginas 163-312 e fragmentos escolhidos de Darcy Ribeiro, Kadiwéu.


Aula 9 – 17.11 – Estética e estruturalismo: As leituras de Luiz Costa Lima e José Guilherme Merquior.

Aula em que duas leituras críticas serão apresentadas, a de Luiz Costa Lima, de 1968, e a de José Guilherme Merquior, de 1975.

Leitura de apoio
Capítulo “Homens, mulheres, chefes”, pp. 325-328 e fragmentos das obras de Costa Lima e Merquior.


Aula 10 – 24.11 – Um outro olhar, de Luiz de Castro Faria. Um livro paralelo aos Tristes Trópicos?

A expedição na Serra do Norte, no Mato Grosso, liderada por Lévi-Strauss, não poderia ocorrer sem um “representante brasileiro” designado pelo Estado. Luiz de Castro Faria foi o antropólogo que o acompanhou em uma expedição que, graças a Mário de Andrade, obteve financiamento da Secretaria de Cultura de São Paulo. Um outro olhar, de Luiz de Castro Faria é um livro com uma vasta documentação e que poderia ser analisado como uma obra paralela aos Tristes Trópicos.

Apresentação e análise do livro: Um outro olhar. Diário da Expedição à Serra do Norte, Mato Grosso.


Aula 11 – 01.12 – “Um mergulho ao fundo dos tempos”. De piroga: Amazônia, Seringal, entrevistas e “encontros perdidos”.

Relações da escrita com a imagem entre narrativas, lendas e mitos. A coleta de histórias, a introdução de uma voz condutora e a relação com as estórias.

Leitura da parte VIII, de Tristes trópicos, pp. 341-398.

Leituras de apoio
Entrevistas de Eduardo Viveiros de Castro com Lévi-Strauss e entrevista de Eduardo Viveiros de Castro sobre Lévi-Strauss.


Aula 12 – 08.12 – Sob o signo da viagem: é possível retornar?

A introdução de Tristes Trópicos apresenta várias possibilidades de interpretação em relação às viagens. O livro começa com a frase: “Odeio as viagens e os exploradores”. Ainda hoje ela apresenta um impacto não apenas na comunidade científica quanto nas mais diversas obras literárias, sobretudo as que estão inscritas sob o signo da viagem.

Leitura da última parte de Tristes trópicos, “A volta”, pp. 401-443 e do capítulo “O olho do etnógrafo”, de Fernanda Arêas Peixoto.


Aula 13 – 15.12 – Ensaio de vocabulário II – de longe e de perto (sobre o método II).

Revisitando Lévi-Strauss no século XXI. Novos engajamentos com o tempo diante de outras artísticas e literárias. Apresentação do vocabulário crítico.


Aula 14 – 22.12 – Saudades do Brasil: Adeus, Lévi-Strauss.– de longe e de perto (sobre o método II).

Realização da discussão final focando nas fotografias que Lévi-Strauss fez do Brasil e de elaboração de um “adeus” à etnografia para situar a literatura e as artes no momento pós- etnográfico no qual a obra de Lévi-Strauss merece ser lida e relida.