Aula 5 (19.03) – A flecha e a forja. Longe da história, perto do inferno

Perspectiva histórica da Amazônia a partir de dois ensaios, Inferno Verde (1908), de Alberto Rangel, e dos estudos de Euclides da Cunha sobre a região, “À margem da História” e “À margem da geografia”, publicados sob a forma de quatro artigos em O País e em O Estado de São Paulo a partir da viagem do autor à Amazônia em 1905 e depois reproduzidos no livro Contrastes e confrontos (1907).

Naqueles lugares, o brasileiro salta: é estrangeiro: e está pisando terras brasileiras. Antolha-se-lhe um contra-senso pasmoso: à ficção de direito estabelecendo por vezes a extraterritorialidade, que é a pátria sem a terra, contrapõe-se uma outra: a terra sem pátria. É o efeito maravilhoso de uma espécie de imigração telúrica. A terra abandona o homem. Vai em busca de outras latitudes. E o Amazonas, nesse construir o seu verdadeiro delta em zonas tão remotas do outro hemisfério, traduz, de fato, a viagem incógnita de um território em marcha, mudando-se pelos tempos adiante, sem parar um segundo, e tornando cada vez menores, num desgastamento ininterrupto, as largas superfícies que atravessa.[1]

Leitura para preparar:
Rangel, Alberto (2008): Inferno Verde: Cenas e Cenários do Amazonas, 6ª ed., Manaus: Valer.


Referências da aula:

Rangel, Alberto (2008): Inferno Verde: Cenas e Cenários do Amazonas, 6ª ed., Manaus: Valer.

Cunha, Euclides da (2019). À margem da história. Org. Bernucci, Leopoldo M., Foot Hardman, Francisco ; Rissato, Felipe Pereira. São Paulo, Editora Unesp.

[1] Cunha, Euclides da (1995): “À margem da história”. Obras Completas. Vol. 1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, p. 254.