Aula 6 (26.03) – Iracema, Xana e o espelho do subdesenvolvimento.

No primeiro tempo, os brancos estavam muito longe de nós. Ainda não tinham trazido o sarampo, a tosse e a malária para nossa floresta. Nossos ancestrais não adoeciam tanto quanto nós, hoje. Gozavam de boa saúde a maior parte do tempo e, quando morriam, as fumaças de epidemia não sujavam seus fantasmas. Agora, quando alguém morre de doença de branco, até seu espectro é infestado e volta para as costas do céu com febre. Seu sopro de vida e sua carne ficam contaminados até lá! Antes, tampouco ficávamos doentes todos ao mesmo tempo. As pessoas não morriam tanto! (…) Assim era. As pessoas só morriam de vez em quando.[1]

O fragmento de A queda do céu será analisado à luz das figuras do subdesenvolvimento da Amazônia. Fragmentos do filme Iracema, uma transa amazônica, de 1975, e Xana, romance-reportagem de Orlando Sena, de 1979, serão apresentados e discutidos para a compreensão das estruturas narrativas e das histórias de outras passagens pela região. 

Leituras para preparar: Seleção de trechos (Olat) de Senna, Orlando (1979): Xana: Violência internacional na ocupação da Amazônia, vol. 65, Rio de Janeiro: Codecri.


Referências da aula:

Filho, João Meireles (2011). Grandes expedições à Amazônia brasileira. Século XX. São Paulo : Metalivros.

Senna, Orlando (1979): Xana: Violência internacional na ocupação da Amazônia, vol. 65, Rio de Janeiro: Codecri.

Raponi, Livia (Org.) (2016). A única vida possível. Itinerários de Ermanno Stradelli na Amazônia. São Paulo : Editora da Unesp.

[1] Albert, Bruce ; Kopenawa, David (2015): A queda do céu. Trad. Beatriz Perrone-Moisés. São Paulo, Companhia das Letras, p. 224.