José Sobral de Almada Negreiros (1893, São Tomé e Príncipe – 1970, Lisboa), escritor e artista plástico multifacetado, marcou o panorama artístico português, sendo considerado uma das grandes figuras de referência do modernismo português. Sugerimos uma visita virtual aos painéis das gares marítimas de Alcântara e da Rocha do Conde d’Óbidos: https://www.portodelisboa.pt/pt/visita-virtual-gares
A sombra sou eu
A minha sombra sou eu,
ela não me segue,
eu estou na minha sombra
e não vou em mim.
Sombra de mim que recebo luz,
sombra atrelada ao que eu nasci,
distância imutável de minha sombra a mim,
toco-me e não me atinjo,
só sei dó que seria
se de minha sombra chegasse a mim.
Passa-se tudo em seguir-me
e finjo que sou eu que sigo,
finjo que sou eu que vou
e que não me persigo.
Faço por confundir a minha sombra comigo:
estou sempre às portas da vida,
sempre lá, sempre às portas de mim!